Não gosto de comparações entre modelos educacionais, principalmente quando tentam estabelecer paralelos entre a educação brasileira e a educação de países como Finlândia, Coréia do Sul etc. Não que esses países não sejam, de alguma forma, uma referência. Porém, temos que ter parcimônia na comparação dado os diferentes contextos sociais, culturais, geográficos, políticos e econômicos.
A comparação leviana não gera mudanças, mas observar o que esses países fazem e tentar adequar ao modelo nacional, isso sim pode gerar frutos.
Em matéria recente publicada no G1, por exemplo, vimos como Cingapura (5,7 milhões de habitantes), com uma população menor que a do Rio de Janeiro, consegue reinventar seu modelo educacional, mesmo figurando entre os países com melhor modelo educacional.
O governo de Cingapura está preocupado com a coesão social e acredita que seu modelo educacional não está garantindo essa coesão. Segundo o texto da matéria citada acima, “as escolas se tornaram espaços estratificados e competitivos”. O modelo educacional que deveria ajudar a reduzir as diferenças sociais acaba por aumentá-la, visto que “famílias com renda mais alta têm mais capacidade de oferecer às crianças atividades extra, fora da escola, como aulas de reforço em matemática e em inglês, dança e música. ”
Outro diferencial das autoridades de Cingapura, que deve nos remeter a uma reflexão, está na preocupação com o desenvolvimento de valores e bem-estar, na mesma proporção do desenvolvimento de conhecimentos científicos. Esse modelo de educação, denominado por "educação positiva", busca o desenvolvimento de uma cultura escolar de relações baseadas em atenção e confiança, com foco no desenvolvimento de habilidades emocionais, intelectuais e no encorajamento para a implementação de um estilo de vida mais saudável.
Cabe destacar que existe uma vertente bastante interessantes que valoriza o desenvolvimento do que chamam de Inteligência Espiritual, colocando o desenvolvimento de valores e atitude positivas como um importante diferencial profissional.
Se não é possível equiparar a educação brasileira com a de Cingapura nos métodos, podemos tentar uma aproximação ao menos nos princípios. Para isso, as escolas precisam ser mais eficientes na construção de valores e, principalmente, na construção de uma percepção positiva do aluno acerca da importância da educação em sua formação humana e profissional.
Para tanto, sugiro o desenvolvimento de campanhas para que esses alunos possam valorizar menos os nossos super-heróis da televisão (lutadores de MMA, jogadores de futebol, modelos, cantores etc) e mais os super-heróis que existem em cada lar e em cada escola.
André
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