A cada dia, mais nos parece que saímos da ditadura militar nos anos 80 para mergulhar na ditadura da ignorância, em especial, a partir dos anos 2000.
Após tantos anos de luta por uma democracia saudável no Brasil, descuidamos com a renovação das ideologias e das causas das novas lutas que deveriam ser travadas. Pecamos por atacar a superficialidade de alguns temas sociais, não percebendo o grande movimento pelo enfraquecimento do senso crítico e da capacidade de reflexão.
Fomos atropelados pelas novas tecnologias de informação e comunicação. Atraídos pela lâmpada tal como mariposas. Guiados pelos sons eletrônicos dos berrantes digitais, que movimentam massas, que criam e alimentam conflitos, que dividem a sociedade em castas cuja bandeira tem a forma de umbigo.
Exemplo recente do poder dessas mídias foi a manobra governamental para tentar convencer a sociedade dos benefícios dessa reforma imposta ao ensino médio. Enquanto escolas estão sem merenda escolar, professores sem pagamento, salas de aula caindo aos pedaços etc, o Ministério da Educação – MEC gasta quase 300 mil reais com manipuladores digitais.
O lixo nos ambientes virtuais cresce exponencialmente, podendo chegar a números alarmantes nos próximos anos, tal como afirma a grande criador do Facebook, Mark Zuckerberg.
A informação e o conhecimento sempre foram armas importantes para a evolução de uma nação. Muitos deram suas vidas pelo acesso livre e democrático ao conhecimento. O que é surpreendente é que o mesmo ambiente virtual que está repleto de lixo, também possui as informações que tanto precisamos para construir conhecimentos e buscar a nossa iluminação e o nosso desenvolvimento.
As perguntas que necessitam de resposta urgente são: Qual o mecanismo de sedução utilizado pelos propagadores de lixo digital? Por que um site de fofoca, ou de algum tipo de besteirol moderno, consegue ter mais visualização e interferir mais na opinião pública do que os sites, blogs ou demais espaços educativos digitais?
Nós, educadores, precisamos refletir sobre essas questões e buscar a atualização de nossos discursos. Não digo na essência, mas a forma precisa ser reinventada. Não dá para continuar fazendo mais do mesmo. Precisamos descer do banquinho e digitalizar nossas ideologias, possibilitando que nossos educandos quebrem as correntes e busquem o caminho da iluminação.
Se Platão vivesse nos tempos atuais, o lendário Mito da Caverna teria uma mudança significativa em seu contexto, pois em vez de acorrentados numa caverna, a narrativa de Platão mostraria jovens acorrentados em seus smartphones, tablets, laptops, mouses e teclados.
Para pensar. E agir.
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