Novamente a qualidade das escolas brasileiras foi matéria em jornais brasileiros. Dessa vez, numa bela matéria publicada no Correio Brasiliense, encontramos dados que apontam que 85% das escolas brasileiras oferecem uma estrutura inadequada para o desenvolvimento das atividades pedagógicas.
Os dados são extraídos de uma pesquisa realizada por pesquisadores da UNB e da Federal de Santa Catarina, que avaliou 194.932 escolas brasileiras, sendo elas públicas ou privadas.
Na metodologia utilizada na pesquisa, criou-se quatro escalas para categorizar a qualidade das escolas. São elas: Elementar, Básica, Adequada e Avançada.
Os itens avaliados na categoria elementar foram: água, sanitários, energia, esgoto e cozinha. Na categoria básica, além dos itens anteriores foram avaliados a sala da diretoria, aparelhos de televisão e DVD, computadores e impressora. Para a categoria adequada, além dos itens das duas outras categorias, foram observados a existência de sala de professores, biblioteca, laboratório de informática, quadra esportiva, parque infantil, copiadora e acesso à internet. Por fim, na categoria avançada, foram observadas a existência de laboratórios de ciências e estrutura física para atendimento de estudantes com necessidades especiais.
É importante atentar para o fato de que a pesquisa não aponta o uso adequado das estruturas, mas somente a sua existência na estrutura escolar. Também não existe referência sobre a qualidade dessas estruturas, o que nos levaria a um maior aprofundamento na análise dos estudos realizados pelos pesquisadores.
No quadro abaixo sintetizamos os resultados por região e nacional.
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Elementar
|
Básica
|
Adequada
|
Avançada
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BRASIL
|
44,5%
|
40,0%
|
14,9%
|
0,6%
|
Norte
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71,0%
|
22,2%
|
6,5%
|
0,3%
|
Nordeste
|
65,1%
|
27,6%
|
7,1%
|
0,3%
|
Centro-Oeste
|
17,6%
|
51,6%
|
29,7%
|
1,0%
|
Sudeste
|
22,7%
|
57,0%
|
19,8%
|
0,5%
|
Sul
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19,8%
|
49,9%
|
28,8%
|
1,6%
|
Fonte: Correio Brasiliense, 4/08/2013.
Como pode ser observado, aproximadamente 85% das escolas investigadas não oferecem a estrutura física adequada ao plenos desenvolvimento das atividades educacionais. É lamentável que esses dados não sejam utilizados como critério para a escolha do país sede da copa ou das olimpíadas. Cabe então questionar, ou repetir o questionamento que tem sido comum nos últimos meses: “Quando teremos escolas de padrão FIFA?”
Esses dados corroboram com outra questão já apontada neste Blog. É correto afirmar que o SISU democratiza o acesso às IES públicas? A disputa nacionalizada promovida pelo SISU favorece os alunos das regiões Sudeste e Sul, que evidentemente conseguem construir uma base mais sólida durante a educação básica.
Bater as metas impostas por organismos internacionais já não nos basta. Simplesmente ter nossos alunos matriculados nessas escolas não é o suficiente para garantir desenvolvimento social.
Precisamos de escolas de qualidade avançada e de professores qualificados e bem remunerados. Precisamos de medidas mais rígidas e verdadeiramente aplicáveis para os casos de desvio de recursos, principalmente dos recursos da saúde e da educação. Em matéria recente publicada no portal G1, a Controladoria Geral da União - CGU aponta irregularidades na aplicação dos recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profissionais de Educação (Fundeb), para investimento em educação básica, em quatro estados e 120 municípios do Norte e do Nordeste, exatamente das regiões que aparecem com os maiores percentuais de escolas com estruturas inadequadas.
É preciso uma ampla discussão sobre os pontos abordados aqui e, numa possível solução advinda da proposta de federalização da educação básica.
A matéria apresentada no Correio Brasiliense pode ser vista na íntegra pelo link : http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2013/8/4/qualidade-de-85-das-escolas-na-berlinda.
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