segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Qualidade das escolas, o SISU e outras mazelas



Novamente a qualidade das escolas brasileiras foi matéria em jornais brasileiros. Dessa vez, numa bela matéria publicada no Correio Brasiliense, encontramos dados que apontam que 85% das escolas brasileiras oferecem uma estrutura inadequada para o desenvolvimento das atividades pedagógicas.

Os dados são extraídos de uma pesquisa realizada por pesquisadores da UNB e da Federal de Santa Catarina, que avaliou 194.932 escolas brasileiras, sendo elas públicas ou privadas.

Na metodologia utilizada na pesquisa, criou-se quatro escalas para categorizar a qualidade das escolas. São elas: Elementar, Básica, Adequada e Avançada.

Os itens avaliados na categoria elementar foram: água, sanitários, energia, esgoto e cozinha. Na categoria básica, além dos itens anteriores foram avaliados a sala da diretoria, aparelhos de televisão e DVD, computadores e impressora. Para a categoria adequada, além dos itens das duas outras categorias, foram observados a existência de sala de professores, biblioteca, laboratório de informática, quadra esportiva, parque infantil, copiadora e acesso à internet. Por fim, na categoria avançada, foram observadas a existência de laboratórios de ciências e estrutura física para atendimento de estudantes com necessidades especiais.

É importante atentar para o fato de que a pesquisa não aponta o uso adequado das estruturas, mas somente a sua existência na estrutura escolar. Também não existe referência sobre a qualidade dessas estruturas, o que nos levaria a um maior aprofundamento na análise dos estudos realizados pelos pesquisadores.

No quadro abaixo sintetizamos os resultados por região e nacional.


Elementar
Básica
Adequada
Avançada
BRASIL
44,5%
40,0%
14,9%
0,6%
Norte
71,0%
22,2%
6,5%
0,3%
Nordeste
65,1%
27,6%
7,1%
0,3%
Centro-Oeste
17,6%
51,6%
29,7%
1,0%
Sudeste
22,7%
57,0%
19,8%
0,5%
Sul
19,8%
49,9%
28,8%
1,6%
Fonte: Correio Brasiliense, 4/08/2013.



Como pode ser observado, aproximadamente 85% das escolas investigadas não oferecem a estrutura física adequada ao plenos desenvolvimento das atividades educacionais. É lamentável que esses dados não sejam utilizados como critério para a escolha do país sede da copa ou das olimpíadas. Cabe então questionar, ou repetir o questionamento que tem sido comum nos últimos meses: “Quando teremos escolas de padrão FIFA?”

Esses dados corroboram com outra questão já apontada neste Blog. É correto afirmar que o SISU democratiza o acesso às IES públicas? A disputa nacionalizada promovida pelo SISU favorece os alunos das regiões Sudeste e Sul, que evidentemente conseguem construir uma base mais sólida durante a educação básica.

Bater as metas impostas por organismos internacionais já não nos basta. Simplesmente ter nossos alunos matriculados nessas escolas não é o suficiente para garantir desenvolvimento social.

Precisamos de escolas de qualidade avançada e de professores qualificados e bem remunerados. Precisamos de medidas mais rígidas e verdadeiramente aplicáveis para os casos de desvio de recursos, principalmente dos recursos da saúde e da educação. Em matéria recente publicada no portal G1, a Controladoria Geral da União - CGU aponta irregularidades na aplicação dos recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profissionais de Educação (Fundeb), para investimento em educação básica, em quatro estados e 120 municípios do Norte e do Nordeste, exatamente das regiões que aparecem com os maiores percentuais de escolas com estruturas inadequadas.

É preciso uma ampla discussão sobre os pontos abordados aqui e, numa possível solução advinda da proposta de federalização da educação básica.

A matéria apresentada no Correio Brasiliense pode ser vista na íntegra pelo link : http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2013/8/4/qualidade-de-85-das-escolas-na-berlinda.









Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário!

Quem sou eu

André Luiz Monsores de Assumpção é matemático, educador, professor universitário e escritor. Mestre em Educação Matemática. Foi Coordenador dos cursos de Licenciatura em Matemática e Licenciatura em Pedagogia, Pro-Reitor de Graduação do Centro Universitário, Diretor Geral de IES e Gerente Acadêmico. Consultor educacional. Alice Soares Monsores de Assumpção é advogada, professora universitária e de cursos preparatórios para concursos, graduação e pós-graduação, assessora legislativa e consultora. Mediadora Judicial. Mestre em direito pela UERJ.