domingo, 4 de agosto de 2013

Editorial: Aumento da Evasão gera reflexões nos cursos de Engenharia

Em publicação recente do jornal Correio Brasiliense, encontramos algumas preocupantes reflexões que recaem, ou irão recair, nos cursos de Bacharelado em Engenharia.

O principal argumento levantado da matéria é a grande evasão gerada, principalmente, pelos altos índices de repetência nas matérias de cálculo do ciclo de formação básica, que compõem a estrutura da maioria dos currículos de engenharia das IES brasileiras.

Para quem acompanha a matéria ao longo dos anos, essa argumentação não possui elementos novos. Sabemos que as disciplinas de cálculo são recordistas de repetência nos cursos de engenharia. Esse número é reflexo, dentre outros motivos, das lacunas na formação básica dos ingressantes desses cursos, principalmente da matemática básica, como também de um despreparo dos professores na organização de uma transposição didática que pudesse reduzir a exagerada carga teórica das disciplinas de cálculo, e inserir esses conteúdos de forma mais significativa e contextualizada.

O problema é que não existe a exigência de uma formação pedagógica para professores universitários, o que torna quase impossível a estruturação de metodologias de ensino que possam dar conta das dificuldades dos alunos.

Porém, também não é possível colocar toda a responsabilidade nos professores universitários. Afinal, esse é um problema histórico que tem se ampliado ao longo dos tempos em razão do aumento na procura para os cursos de engenharia e, principalmente, novamente pela qualidade da formação básica apresentada pelos alunos ingressantes, que se reduz ano após ano.

Inclui-se ainda nessa argumentação o fato de que as políticas de acesso às IES públicas aumentam o quantitativo de alunos com problemas de formação básica, e como ainda não existe qualquer política de acompanhamento pedagógico desses alunos, ou mesmo de nivelamento, tal como o Ministro Mercadante começa colocar em discussão, a tendência é que aumente ainda mais o contingente de repetentes nessas matérias, bem como a evasão causada por esta repetência.

Outra questão que preocupa é o início de argumentações que passam por uma redução do nível de exigência na formação de engenheiros, alicerçada na atual demanda de mercado. Temos uma demanda que não está sendo suprida pela IES. Porém, não podemos cometer os mesmo erros cometidos na formação, por exemplo, dos professores. Colocar profissionais desqualificados no mercado também não resolve o problema. 

Não houve planejamento por parte do governo para garantir que as instituições pudessem preparar os engenheiros que o mercado necessitaria hoje. Olhando para o passado, víamos cursos de engenharia sendo fechado pela falta de demanda. A demanda por engenheiros surgiu, principalmente, a partir das políticas de investimento na área da construção civil e, também, em função do equilíbrio econômico apresentado nos últimos anos.

O próprio governo que “planejou” as ações que levaram o Brasil ao crescimento econômico e a elevação do mercado da construção, poderia ter planejado uma política de investimento na área de formação. Assim não estaríamos vivenciando o problema que está sendo apontado na matéria.

Outra questão que também merece discussão é o equívoco de se achar que o problema de formação profissional se resolve com cursos de bacharelado. O ministério da educação precisa ampliar os incentivos para a formação na área técnica, seja de nível médio ou de nível superior. Certamente muitos desse evadidos dos cursos de engenharia poderia se identificar melhor em cursos técnicos ou superior tecnológicos, que possuem uma carga teórica menor, uma maior formação prática/técnica e um menor período de integralização.

Para quem tiver interesse e verificar a matéria na íntegra, deixo o link de acesso http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2013/8/4/abandonando-o-barco.

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Quem sou eu

André Luiz Monsores de Assumpção é matemático, educador, professor universitário e escritor. Mestre em Educação Matemática. Foi Coordenador dos cursos de Licenciatura em Matemática e Licenciatura em Pedagogia, Pro-Reitor de Graduação do Centro Universitário, Diretor Geral de IES e Gerente Acadêmico. Consultor educacional. Alice Soares Monsores de Assumpção é advogada, professora universitária e de cursos preparatórios para concursos, graduação e pós-graduação, assessora legislativa e consultora. Mediadora Judicial. Mestre em direito pela UERJ.