Ipea diz que são 26% e não 65% os que apoiam ataques a mulheres
Instituto do governo informa que errou ao divulgar pesquisa sobre estupros.
Constatado erro, diretor de Estudos e Políticas Sociais pediu exoneração
http://g1.globo.com/brasil/noticia/2014/04/ipea-diz-que-sao-26-e-nao-65-os-que-apoiam-ataques-mulheres.html
Não sei se é para comemorar.
Por um lado, temos a relevante redução do percentual de pessoal, em sua maioria de mulheres, que concordam com a ideia de que a vestimenta estimula o ataque de estupradores. É óbvio que essas pessoas não sabem que boa parte dessas vítimas são crianças, desprovidas de qualquer intencionalidade em seus atos ou em suas vestimentas.
Por outro lado, temos um importante instituto de pesquisa colocando sua credibilidade em risco para corrigir um “erro”, ou para amenizar a triste imagem do povo brasileiro posta em cheque diante do mundo.
De uma forma ou de outra, estamos diante de um triste retrato de uma sociedade doente. Que carece de elementos básicos para uma vida digna e que, pela falta de raízes sólidas e profundas, fica exposta aos modismos do mundo globalizado.
Se é para o interesse dos políticos, somos um país de machistas, racistas e preconceituosos, e todos os outros “istas e osos” que poderão justificar políticas assistencialistas. Se é para enxergar a questão de um forma, para mim, mais coerente e sem qualquer intensão de minimizar os problemas, somos um país sem educação, sem cultura, sem lazer etc.
A exploração da sexualidade pode fazer bem ao mercado da moda, das revistas, da televisão, das religiões e de outros setores que se beneficiam pela banalização do corpo e das relações humanas. Há década acompanhamos programas infantis que exploram comercialmente a prematura sexualização de nossas crianças. Há décadas que acompanhamos programas de televisão que têm o sexo e as intrigas como principais motes para chamar a atenção de um público cada vez mais doente.
Como podemos, com nossas escolas de “pau a pique”, ganhar essa batalha contra tudo o que desvirtua nossos jovens do caminho do amor, da cordialidade, do respeito às diferenças e de todo um conjunto de valores que realmente poderiam caracterizar a sociedade brasileira?
Como podemos, com nossos “cacos de giz”, retomar a atenção de nossos jovens, maravilhados com todo o investimento feito na produção dos realitys shows, dos programas de luta e de tudo que venha criar e alimentar a falsa impressão de que conquistar o sucesso é fácil e que, para tanto, basta transgredir, usurpar, investir na impunidade, depredar etc?
Estamos perdendo nossas raízes e ficando cegos, mas ao menos ainda não perdemos a capacidade de nos indignar.
André Assumpção
Alice Soares
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